12 de abril de 2011

Educação versus Instrução

José Vandinei da Silva*

Pós-graduando em Metodologia do Ensino da Filosofia**

O
  que se pode perceber através das leituras de referencia da disciplina     além de outras pesquisas é que a relação entre educar e instruir não é um tema surgido neste século. Esse tema, ao contrario, vem desde o século XIX quando se iniciou a era do capitalismo e da industrialização. Nesse período existia uma clara divisão social acerca do papel das instituições perante a formação das crianças e dos jovens. A família enquanto instituição basilar tinha como papel a formação humana (do caráter) dos seus componentes. Já a sociedade, ou mais especificamente, a escola era responsável pela instrução da pessoa. Isto é, a escola oferecia às pessoas a oportunidade de acumular conhecimentos e habilidades em um determinado ramo da ciência.  Com o advento da sociedade industrial surge a necessidade de formar indivíduos instruídos e educados para o trabalho. Daí em diante houve uma transformação dentro do âmbito pedagógico e a escola passou a ser vista como instituição responsável tanto pela instrução quanto pela educação. Surge então a expressão educação para o trabalho que esconde uma pretensão ideológica de educar o individuo no sentido de adestramento para que se aceite o sistema que aí estava posto. A grande pretensão era passar um determinado conteúdo aceito pela ciência e adestrar os indivíduos para que aceitassem de forma acrítica o sistema capitalista. Precisava-se de trabalhadores instruídos e preparados para lidar com as máquinas e os novos desafios das descobertas cientificas, mas não necessariamente, indivíduos conscientes do seu potencial de questionamento e mudanças sociais.
A partir deste momento histórico passa-se a refletir cada vez mais sobre a questão relacionada a estes dois temas Instrução e educação. Ainda hoje existe muita confusão acerca de tal tema e muita gente acaba se equivocando justamente pela falta de conhecimento acerca desta guinada no campo pedagógico e das exigências atuais de unificação das partes. O que se deseja explicitar é que atualmente as instituições de ensino cada vez mais precisam atentar não só para a instrução dos seus alunos, mas para a formação humana e plural à qual as novas tendências educacionais pós-criticas nos apresentam.
A instrução tem a ver com a formação do individuo e sua capacidade de resolver problemas surgidos ao acaso e que força a tomar uma decisão para sanar aquela determinada situação que será resolvida perante os conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação. Isto será possível mediante o uso da inteligência. Já a educação é a formação de valores que torna as pessoas pertencentes a um grupo social e que é determinado pela cultura. A educação envolve os elementos do intelecto, emoções, valorações e convicções que são partilhados por uma comunidade. Esta será responsável pela tarefa de repassar aos seus membros esta gama de valores através da educação.
O grande desafio posto para a educação do nosso século é a de saber integrar instrução e educação, visto que a apropriação dos conhecimentos se dá não só pelo caminho da lógica, mas também pela formação dos nossos sentimentos. Por isso o desafio que se nos apresenta no descortinar deste novo horizonte temático é o seguinte: Como integrar estas duas faces que são complementares? Como conseguir integrar a educação e a instrução num mundo em que supervaloriza o fazer imediato e no qual se valoriza demasiadamente os processos educativos que tragam retornos imediatos para a economia e não para a formação humanitária dos seus integrantes? Como conciliar teoria e práxis? Que caminho seguir? O que priorizar? O que se deve superar? 
Para concluir esta primeira etapa que é a provocação e o intuito de levar mais pessoas a refletirem sobre o tema podemos refletir as palavras de Paulo Freire que nos dá um pequeno direcionamento das nossas possíveis reflexões: “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”. O percurso educativo não se esgota dentro de uma instituição de ensino. Ao contrario ela brota lá para ecoar fora dela nas varias instancias sociais e nos vários momentos da vida do individuo.

Um comentário:

  1. Gostei da visão Global e da forma didatica que apresenta a tematica..

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