9 de dezembro de 2009

Acolhendo os Afetos e Desafetos - TEMA DA SEMANA VIVÊNCIA DA AFETIVIDADE (08-14/12/2009)


Segundo o Dicionário Aurélio a palavra 'afetividade' é um substantivo feminino que denota:
"1. Qualidade ou caráter de afetivo [...]2. Psic. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.

Somos seres essencialmente sensíveis. E esta sensibilidade nos permite perceber o mundo em que interagimos.

A percepção é sempre algo muito singular, uma vez que corresponde a capacidade de captar estímulos do ambiente em suas múltiplas dimensões e interpretar conforme as experiências anteriores.

Logo, conforme percebemos a vida sentimo-la.
Não dá para mensurar isto. Não existe um 'sentimentometro', que possa quantificar isto, nem mesmo comparando a forma como cada um sente. Uma vez que o sentimento é uma experiência única e puramente subjetiva.

Se não dá para medir o sentimento de ninguém, então inventaram de qualificá-los atribuindo-lhes valores.
Mais uma tentativa de controle humano. Reflexo, acredito, da tentativa de buscar segurança. Medida de controle do "Ego Coletivo" ainda muito imaturo, muito limitado e temeroso diante 'daquilo' que ainda não pode compreender em suas múltiplas dimensões.

Assim qualificamos os sentimentos em bons e ruins não apenas pelas sensações que eles despertam, mas pelo critério do padrão sócio-histórico-cultural, que determina o que é aprovável ou desaprovável sentir.

O prejuízo de tudo isto é a diminuição da espontaneidade e o crescimento dos automatismos.

Eu devo sentir isto e não aquilo...Então eu penso que posso controlar o que sinto, quando na verdade eu reprimo, abafo e o torno sombra.

Mas então você me diria: Ah então agora vou ser espontâneo e me permitir sentir tudo, seguir o meu coração e fazer tudo o que ele determinar.


Uma coisa é exercitar a consciência daquilo que sentimos, buscando perceber as sensações despertadas, se agradáveis ou desagradáveis, se intensas ou amenas, outra coisa é permitir que estes sentimentos determinem o comportamento.

Os animais de outras espécies assim o fazem, mas convivem muito bem com os seus.
Nossa espécie é mais complexa. Temos a necessidade de viver em grupo e isto só é possível a partir do respeito a uma conduta que viabilize a integridade física e emocional da coletividade.

E onde fica a espontaneidade?

É um paradoxo!

Precisamos resgatar a nossa espontaneidade no sentir perdida paulatinamente devido a necessidade de aprovação social, mas precisamos desenvolver ao mesmo tempo a empatia, a capacidade de sentir e se colocar no lugar do outro, como forma de poder consciliar a nossa singularidade sem necessariamente comprometer a do outro.

A medida que acolhemos os nossos sentimentos, sejam eles quais forem, conquistamos saúde física e mental.
Ministrá-los, porém não é tarefa fácil. É um processo que demanda tempo, esforço e auto-conhecimento.Já alertava o filósofo Sócrates sobre a necessidade do auto-conhecimento para o crescimento humano.


Quando exercitamos este acolhimento em nós mesmos, desenvolvemos ao mesmo tempo a empatia e a indulgência.

Não confundam, entretanto, com permissividade. Deixar claro quais são os limites ao outro é uma responsabilidade consigo mesmo, além de uma oportunidade para este outro de perceber as consequências dos próprios atos.

Acolher os afetos e os desafetos é antes de tudo considerar a nossa condição de humanidade. O processo individual e coletivo de amadurecimento.

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