8 de dezembro de 2009

TEMA DA SEMANA - MUDANÇA




DO PIOR AO MELHOR II

Depois de sair com Gisele do cinema Adriana, bastante alegre, estava discutindo perspectivas otimistas relacionadas ao filme que acabaram de assistir:

-Ah Gi!!!! num achei não que a mensagem fosse tão catastrófica! Acho que eles colocaram uma perspectiva até de que Deus existe. Não importa dinheiro e não importa o quanto nos esforcemos para tentar controlar as coisas elas acontecem. Nós temos de nos esforçar para extrair o melhor e estar no contexto, ou como diria uma americana que eu li temos de estar no Fluxo! E viver a vida o mais inteiro possível, mesmo que as coisas pareçam verdadeiras tragédias. Importa estarmos seguros. Aí com segurança e plenitude até a morte parece “fichinha”. Esse negócio eu aprendi com minha avó Edna e também com meu amigo que eu te falei o Carlos.

Clique e continue lendo PARA SABER COMO ADRIANA CONHECEU JOSÉ E SABER O QUE ELA FARÁ AGORA QUE DESCOBRIU QUE É SOROPOSITIVA?




- Ai credo mulher!! Como a morte pode “parecer fichinha”? A morte minha filha é a tragédia é a treva!! Vc deixa de existir. E birutinha! deixar de existir deve ser Péeeeessimo! E depois é isso é muita morte nesse filme. Aliás é “morte de rodo” e o povo só partia em bando...credo eu fiquei toda arrepiada de pensar que isso pode ser verdade...

- Amiga se vai acontecer o que o filme disse ou não eu não sei mas, a gente deve estar preparada para a nossa hora c num acha? Eu mesmo às vezes também acho macabro pensar nisso, mas... sei que cedo ou tarde temos de pensar e mais do que isso encarar ela (a morte) e não sei se vai ser uma boa eu continuar empurrando com a barriga pensar..... ah? - ela levou um susto.

-O que foi menina? Que cara é essa? – perguntou Gisele
-C tá vendo o que eu to vendo? – Adriana com a cara espantadíssima chegou a ficar vermelha estava sentindo um misto de vergonha e êxtase.
- Onde? – Gi apertava os olhos e rodava a cabeça
-Ali no banco perto da loja de óculos.
-Eitha...Menina...danadinho não é que ele esperou a gente?
- E agora? Vamos dobrar aqui e sair lá pela frente- pedia Adriana com uma cara de súplica ela estava muito mais tomada por um desespero que pelo desejo da carne. Havia um componente neste turbilhão de emoções ligados a paixonite que apontava: isso não vai dar certo porque tem algo nele que lembra o Xandy.
- Ei..não. Vamos passar por ele. E eu não vou sair pela saída que fica do lado oposto que o meu carro tá!! Num vou arrodear o shopping para ir até meu carro porque um corpo lindo está afim de você – Gisele deu uma risada gostosa.
- Faça isso por mim vai. O que é que eu vou conversar com esse menino. Aff... e depois tem só um mês que eu e o Xandy ou melhor Alexandre Melo – Adriana fez um ar solene ao pronunciar o nome completo do ex, porque ele dizia que era um rapaz da altíssima sociedade - terminamos.
-Pois é e em um dia ele já estava desfilando com outra. Aliás ele nem precisou se separar de você para fazer isso!
-Mulher eu num acredito ele olhou. Ai, ai tá acenando e vem na nossa direção...eu quero gritar!!!!!!! Ai Gi...me ajuda eu to nervosa, to tremendo. Vou disfarçar, vou sorrir .

Com um sorriso estampado artificialmente Adriana falava com Gisele alguma coisa por entre os dentes que a amiga não entendia nada; de maneira que quando José chegou perto perguntou a Gisele:

- Que cara é essa? Parece que não está entendendo alguma coisa ou tá estranhando algo – José ao contrário de muitos rapazes de sua idade além de focar sua visão no que “deseja”, no caso Adriana, observa tudo que está ao redor de maneira que tenta fazer uma leitura se o contexto é o mais apropriado para certos tipos de conversas ou não. Ele gosta de se sentir à vontade e deixar a outra pessoa à vontade.

-É..bem foi o filme e Adriana tem um ponto de vista bem estranho sobre morte, tragédia...
-Ela tem medo da morte. E eu apesar de ter também acho que é um assunto sobre o qual temos de pensar, nos sentir seguros em nossa opinião e ir fazendo alguma coisa a este respeito...
-Interessante você dizer isso. Semana passada conheci na universidade um carinha que falava tanto sobre essas coisas acho que ele é espírita e ai eu até discuti com ele. Eu não acredito nessas coisas, mas até que da maneira que ele estava falando eu fiquei intrigado com algumas paradas que ele colocou relacionadas ao que a ciência pensa, o que alguns experimentos tem comprovado e lembrei de umas coisas que aconteceram comigo....
-Como assim...o que aconteceu com você?
-Eita...lá vou eu com minha boca grande...nada não aconteceu nada. Sem querer interromper o assunto, mas já interrompendo eu fiquei esperando vocês porque gostaria de convidá-las para ficarmos ali no restaurante japonês conversando até meu filme começar. Não é nada de obrigatório e eu quero também deixar claro que tudo é por minha conta e que gostaria muito de conversar mais com vocês, especialmente com você....- fez uma cara de interrogação sobre o nome e disparou: Adriana.
- Adriana. E seu nome mesmo não é? Foi assim que sua amiga te chamou
Gisele percebendo o clima que iria se instalar e como o ditado diz sem querer ser “castiçal” ou “segurar vela” disse: - Tá bom... então acho que só falto eu me apresentar meu nome é Gisele e eu vou ter de ir porque... – levou um beliscão enorme da amiga.

- Adriana e Gisele meu nome é o mais incomum da face da terra é tão difícil que alguns gostam de me chamar de Júnior. Mas eu prefiro o meu primeiro nome mesmo.

Eles agora caminhavam em direção a praça em que ficam alguns dos melhores restaurantes do shopping. Adriana já estava se sentido menos nervosa, mais confiante e se censurando menos. Já não estava tão preocupada se os outros iriam pensar que ela é uma menina fácil ou difícil. Já não estava preocupada se Alexandre saisse da loja e os visse andando juntos. Já não estava mais até com esperanças de voltar para Alexandre, aliás, aquele encontro estava abrindo uma nova perspectiva: ela já estava achando desnecessário lembrar que Alexandre existia. Interessada em saber mais sobre o rapaz perguntou:

- Mas qual é o seu primeiro nome mesmo? Juro que vou tentar pronunciar certo.
O rapaz deu uma gargalhada bem gostosa. As meninas se entre olharam e ele disparou:
-José!
As duas sorriram e continuaram caminhando com ele. Chegaram ao restaurante, conversaram umas duas horas mais ou menos até José ir assistir um filme sobre Lobisomens e vampiros que as meninas já haviam assistido. Trocaram telefone entre si marcaram para sair na sexta com mais amigos. José durante a conversa deixou bem explícito o seu fascínio por Adriana. Trocaram olhares e no final, depois de perguntar se podia abraçá-las, ele deu um beijo no rosto com um abraço bem apertado e prolongado em Adriana. Ele sempre se repreendia mas não conseguia deixar de abraçar as pessoas pensava consigo: Que maniazinha mais esquisita. As meninas podem pensar besteira!

Assim Adriana conheceu José. A partir de uma paquera casual em uma fila de cinema. Dois meses depois deste encontro eles viraram namorados. Quando ela foi fazer o exame de HIV, mentindo para José que estava fazendo exames de rotina – (“coisas de mulher” ela dizia) – precisando ver um caroço que estava nascendo no seio e para isso disse ser necessário fazer uma biópsia sentiu-se muito mal com tudo aquilo. Ao mesmo tempo sentia-se aliviada de só ter transado com José de camisinha e de não ser muito afoita e ter sido segura e não ir no ritimo dele, que já tinha, umas duas vezes, insinuado querer fazer sem proteção.
Um calor de raiva Adriana sentia quando pensava em uma transa que teve com Alexandre. Ninguém e nada tira da cabeça dela que ele descaradamente simulou que ia ver se a camisinha estourou – disse que não estourou – e tirou-a . Ela também, por sentir que não havia ocorrido ficou com a guarda baixa – ai ele voltou e continuou o ato, foi ai sim depois de um tempo que mesmo sem experiência sexual (já que aquela era a sua segunda transa) ela “sentiu” que ele estava sem proteção e permitiu que ainda continuasse por um bom tempo pois queria de alguma forma senti-lo. Como de repente em sua cabeça passou a idéia de que ela poderia ficar grávida ela parou muito inteligentemente beijando-o e passando a mão por ele até tocá-lo e sentir que realmente ele estava sem camisinha. Brigou com ele (pensou mais em fazer cena e reforçar o gesto para que ele não ousasse repetir nas próximas do que em se prevenir) depois fizeram as pazes e pediu para que ele colocasse outra camisinha e transaram. Ai ele ficou com cara de que saiu vitorioso e ela furiosa consigo mesma, porque não passou nenhuma lição para ele – apesar de ter reclamado. Lembrando do episódio ela realmente tinha mais raiva dela mesma.

Era dia 14 de outubro e estavam próximos da comemoração de 1 ano e seis meses de namoro. Com o exame na mão Adriana pensava: - Que presentão eu ganhei de Deus. Valeu viu!! Valeu mesmo. Tá vendo isso não existe não pode ser. Logo eu que só vacilei uma vez!! Isso é F......... E agora? Se eu falar que sou HIV positivo tudo vai mudar em nossa relação! Ele vai querer me ver longe, vai ser horrível!
Adriana sentiu-se só no mundo. Desprotegida, desamparada. Como falar isso para minha mãe? Como viver com isso?

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