RECAPITULANDO A ESTÓRIA....
No último capítulo Zé e Nataly iniciaram uma conversa. Ele, ainda confuso com os últimos acontecimentos, não se sentiu à vontade para contar a melhor amiga que a namorada era soropositiva. Porém, o que ele mais demonstrava para ela e que realmente também o preocupava era com as sensações, sonhos e alguns pensamentos que ficavam fortes nos últimos dias. Não resistiu ao falar para a amiga sobre o que estava acontecendo e ainda no início da conversa Zé (Júnior como chama Nataly) chorou. Ela foi tomada de um sentimento bom que pensou fortalece-la para acariciá-lo e acalmá-lo, porém ao contrário, ela começou a afavelmente fazer um monte de perguntas ao rapaz. Nataly não conseguia controlar o seu impulso de amorosamente aproveitar a oportunidade para fazer o amigo questionar seus preconceitos em relação a alguns aspectos da vida. Assim terminamos o capítulo anterior!
Agora clique no continue lendo e divirta-se!!
O José era cético, o fato de não acreditar em nada e ver a ciência como grande resgatadora e única salvadora da humanidade parecia não auxiliá-lo muito em decisões de cunho pessoal mais profundas. Sentimentos. Isso, ele não conseguia perceber que esses elementos são tão reais como a mesa de sua sala. Para Zé as coisas é que nos movimentavam o pensamento. Era o se deparar com o que se pega e se vê que fazia o pensamento ser movimentado. Certa vez discutindo com a amiga colocou:
- A gente só pensa a partir do contato com o mundo real. Ninguém pensa por pensar sem uma motivação que tenha origem no contato com a matéria. Seja esta matéria uma pessoa ou um objeto.
- Pois é gato. Isso eu já entendi eu só gostaria que você me esclarescesse se o ato de pensar é material. Porque se não é o simples fato de considerar algo matéria pode ser uma influencia do mundo do pensamento. Porque eu posso considerar matéria também coisas que não toco. Ou você não considera como parte do mundo material os micróbios que atacam os dentes de seus futuros pacientes?
-Olha amiguinha lógico que eles são do mundo material e devem ser levados em consideração. Tudo que a ciência descobre faz parte deste mundo material!
- Pois é. Agora você deve ter lido a luta destes cientistas para provarem a um bando de Zé como você a séculos atrás que micróbios e bactérias existem. Vamos combinar Zé. Não tamo discutindo matéria ou não. Seu paradigma tá atrelado ao que se vê e se toca. Para você isso sim comanda a vida. O que está no subjetivo ou implícito demais não importa tanto. Agora o irônico disto é que vc faz Odontologia....kkkkkkkkk
- Falou exotérica fica ai com sua subjetividade interdisciplinar que eu vou ficar com meu materialismo histórico.
- Olha nessa brincadeira de materialismo histórico eu percebo que vocês acabam distorcendo o pobre do Karl Marx para servir aos impulsos do ego.
Bem a lembrança deste papo não veio à mente de Zé. Mais, enquanto o consolava e ao mesmo tempo estimulava-o a pensar sobre seus preconceitos, Nat lembrou vagamente deste episódio. Isso reforçou nela a vontade de ir em frente com as perguntas e aproveitar aquele momento em que ele parecia estar mais aberto a realmente perceber que o subjetivo faz parte do mundo material e vice e versa.
Ângelo estava super animado por ter reencontrado Adriana. Mostrou músicas do Keane que ouvia no seu Ipod para a colega e conversou com ela um pouquinho. Porém, já estava perto das 15h e ele marcou com um amigo 15h30 para irem ao cinema. Na verdade o amigo era um paquerinha. Ele convidou a garota para ir junto. Mas ela disse que iria ao médico naquele mesmo horário. Então, agora os dois anotaram os números um do outro nos seus respectivos celulares e combinaram ou uma pizza ou um cinema no fim de semana.
Adriana tomou o 2º. ônibus para ir ao consultório. Seria o primeiro dia em que ia conversar com o médico. Afinal, a última vez que foi até o setor de DST/ AIDS do centro de saúde do município foi para receber a confirmação de que era soropositiva. Sentiu um calafrio ao lembrar daquela senhora dizendo as pessoas que esperavam pelo resultado que alguns conversariam com a enfermeira e outros com a psicóloga.
Achou o sistema de triagem o fim. Pensou: - porque não verbalizam logo a verdade?
A atendente deveria dizer:
- Quem tiver exame positivo psicóloga ok? e quem tiver negativo enfermeira? Entenderam depravados?
Ou então, se estivéssemos em um local civilizado:
- Bom dia a todos! Os resultados serão entregues dentro de instantes e todos falaram com a enfermeira e em seguida com a psicóloga independente do resultado de seus exames.
Adriana ia no percurso refletindo sobre como era desconfortável a recepção por parte de algumas pessoas que trabalhavam ali e como poucas tinham um semblante acolhedor. Pensava que lá era justamente o local em que as pessoas estão mais fragilizadas e precisando de gente bacana. Ficou preocupada do médico ser “cavalo”. Já estava até ensaiando um discurso caso ele fosse cavalo ou bem frio.
O ônibus aproximava-se do destino. Adriana levantou, deu sinal. Ao ficar próximo à porta viu uma figura conhecida de costas. Era Dalva, uma colega de cursinho que estava na universidade. Elas fizeram uma disciplina juntas no primeiro período. Ela lembrou sentiu um calafrio. Será que ela vai para o mesmo local? E se ela for para outra área de atendimento tipo ginecologia? Logo ficou aliviada porque lembrou que a colega mora por ali.
Ao descer do ônibus Dalva olhou para trás e a viu. Abriu um sorriso, parou de caminhar e disse:
- Olha só a menina mais inteligente da universidade e mais sortuda também. Tudo bem?
- Tudo bem. E você? Vai pegar alguma disciplina do 5º período para a gente fazer matéria juntas? Eu não entendi porque você me acha sortuda?
- Te acho sortuda por causa do pedaço de mal caminho que você namora. O Alexandre é lindíssimo gatinha. Eu vou pegar duas matérias do 5º.período e vamos novamente formar grupos para trabalho.
Adriana deu uma gargalhada nervosa. Pensou sobre para onde estava indo e a provável participação de Alexandre neste episódio desagradável de sua vida. Isso provocou uma cara de interrogação em Dalva que disparou:
- Porque a risada?
- É porque....enfim...você fez esta colocação sobre o Alexandre e eu e ele não estamos mais juntos. E acredito justamente que agora eu sou uma pessoa de sorte e ele também. Tivemos a sorte e o bom senso de não levar algo adiante só para manter aparências.
- Bem, ainda não entendi a risada.
- Pela ironia da situação. Nos termos terminado ai achando sorte a gente estar juntos. Mas eu sorri não de você foi de mim mesma por ter adiada o término da relação em uma semana sabe porque?
-Óbvio que não né!!!
-Porque algumas amigas me diziam que eu tinha sorte de estar com ele e de deveria tentar de tudo para ficarmos juntos. Elas no meu lugar sacrificariam qualquer coisa. Ai pensei que elas podiam estar certas. Mas analisando friamente decidimos terminar. Foi bom porque abri caminho para as pessoas que quiserem fazer sacrifícios em prol de terem ao lado um corpo bonito e não de gostar e respeitar o outro.
- Nossa mais eu não quis te ofender não. E não falei com cobiça no rapaz. Falei assim porque admirava você e achava que pela sua inteligência era natural que você tivesse um namorado bonito. Aliás, lindo!!!
- Pois é. Ele é uma pessoa muito especial mesmo, mas agora no campo da amizade. E me conta você mora por aqui não é?
- Moro mais na frente. Desci neste ponto porque vou marcar uns exames para minha vó e vou no centro de saúde.
Adriana gelou. Sentiu como se um buraco de proporções infinitas tivesse ocorrido no chão. Ela estava entrando nele e descendo, descendo, descendo. Estava ficando tonta. Só de pensar o que ela diria começou a suar a testa. Ai quando se sentia mais desconfortável veio o “tiro de misericórdia” através da pergunta:
- E você tá perdida? O que veio fazer por essas bandas?
Na cabeça de Adriana em fração de segundos ocorria o diálogo:
- E agora Adriana, pense, pense, pense. Responda Adriana!! Responda! Fale a verdade!
- Não!! Não fale! Tá doida você mal conhece a menina!
-Manda esta sirigaita pastar! Além de querer o namorado dos outros ainda quer se entrometer na vida alheia. Diga que não é da conta dela!!
-Fale algo neutro. Invente!!! Responda rápido para ela não notar!!
Adriana Respondeu com a voz meio embargada tentando forçar uma empatia e uma surpresa agradável esboçando um sorriso:
- Que coincidência eu vou lá também!! Coisa boa!!
- Pois é vai se consultar?

- Vou esperar uma amiga que vai fazer uns exames ela vai aproveitar e me dar uma aula sobre marcação de consultas sabe. Eu sou meio broquinha para isso. Ela conhece um pessoal lá aí eu vou querer fazer um check-up. Ela vai me abrir as portas para algumas pessoas.
- A menina você está falando com a pessoa certa! Eu tenho uma tia que é coordenadora lá posso facilitar algumas coisinhas para ti. Se der posso esperar você e sua amiga. Acho que ela vai adorar!!!
Adriana pensou: lascou de vez. Tô Fu....e agora?!
- Não Dalva, não precisa. Aliás eu vou pegar o seu telefone para uma eventual precisão você não precisa se preocupar porque ela atrasa muito.
-Ah boba. Eu não tenho nada para fazer mesmo agora de tarde só tenho compromisso às 6horas.
Adriana pensou: - devia ter dito que ia lá para o setor. Queria ver se ela ia ficar do meu lado esperando minha consulta. Sentada naquele corredor com todo mundo passando para ir para ala de fisioterapia e olhando para cara dela e se perguntando: - nossa!! Tão novinha o que será que ela tem? Será que tá bichada? Teve vontade de rir mas se conteve!
- Eu ficarei incomodada Dalva se você paralisar seus compromissos por minha causa. Mas enfim vou ficar satisfeita de você me auxiliar a marcar o ginecologista e fazer alguns exames. Ela olhou para o relógio eram 15h20 pensou que a consulta ocorreria entre 16 e 16h30 e ai pensou também ser possível marcar os exames e despistar a colega.
Continuaram caminhando até chegarem ao Centro de Saúde. O local era um prédio grande. Estava bem pintado por fora. Por dentro, a julgar pelo movimento que era intenso ainda tinha pintura nova e parecia bem cuidado. O aspecto de limpeza era agradável. Porém, na recepção e em algumas alas notava-se a deterioração de lixeiras, algumas portas de vidro emperradas, outras maçanetas quebradas as paredes meio riscadas. Dalva foi até a recepção cumprimentar a conhecida. Era a deixa para Adriana fingir receber uma ligação. Dalva voltou da recepção e encontrou Adriana com o telefone no ouvido, disse:
- Eu vou entrar ali na sala da minha tia. Assim que sua amiga chegar vai com ela lá.
- Tá bom Dalva. Vai entrando eu vou ter de ir até a esquina porque um colega vai deixar um dinheiro que me deve e vai passar de carro aqui. Ele está com minha amiga, ai a gente volta para cá e te procura. Vou só dar uma sentadinha aqui para terminar de falar com ele um assunto....
-Ok não quero atrapalhar sua ligação, to entrando....
CONTINUA PRÓXIMA QUINTA A PARTIR DAS 18H
No último capítulo Zé e Nataly iniciaram uma conversa. Ele, ainda confuso com os últimos acontecimentos, não se sentiu à vontade para contar a melhor amiga que a namorada era soropositiva. Porém, o que ele mais demonstrava para ela e que realmente também o preocupava era com as sensações, sonhos e alguns pensamentos que ficavam fortes nos últimos dias. Não resistiu ao falar para a amiga sobre o que estava acontecendo e ainda no início da conversa Zé (Júnior como chama Nataly) chorou. Ela foi tomada de um sentimento bom que pensou fortalece-la para acariciá-lo e acalmá-lo, porém ao contrário, ela começou a afavelmente fazer um monte de perguntas ao rapaz. Nataly não conseguia controlar o seu impulso de amorosamente aproveitar a oportunidade para fazer o amigo questionar seus preconceitos em relação a alguns aspectos da vida. Assim terminamos o capítulo anterior!
Agora clique no continue lendo e divirta-se!!
O José era cético, o fato de não acreditar em nada e ver a ciência como grande resgatadora e única salvadora da humanidade parecia não auxiliá-lo muito em decisões de cunho pessoal mais profundas. Sentimentos. Isso, ele não conseguia perceber que esses elementos são tão reais como a mesa de sua sala. Para Zé as coisas é que nos movimentavam o pensamento. Era o se deparar com o que se pega e se vê que fazia o pensamento ser movimentado. Certa vez discutindo com a amiga colocou:
- A gente só pensa a partir do contato com o mundo real. Ninguém pensa por pensar sem uma motivação que tenha origem no contato com a matéria. Seja esta matéria uma pessoa ou um objeto.
- Pois é gato. Isso eu já entendi eu só gostaria que você me esclarescesse se o ato de pensar é material. Porque se não é o simples fato de considerar algo matéria pode ser uma influencia do mundo do pensamento. Porque eu posso considerar matéria também coisas que não toco. Ou você não considera como parte do mundo material os micróbios que atacam os dentes de seus futuros pacientes?
-Olha amiguinha lógico que eles são do mundo material e devem ser levados em consideração. Tudo que a ciência descobre faz parte deste mundo material!
- Pois é. Agora você deve ter lido a luta destes cientistas para provarem a um bando de Zé como você a séculos atrás que micróbios e bactérias existem. Vamos combinar Zé. Não tamo discutindo matéria ou não. Seu paradigma tá atrelado ao que se vê e se toca. Para você isso sim comanda a vida. O que está no subjetivo ou implícito demais não importa tanto. Agora o irônico disto é que vc faz Odontologia....kkkkkkkkk
- Falou exotérica fica ai com sua subjetividade interdisciplinar que eu vou ficar com meu materialismo histórico.
- Olha nessa brincadeira de materialismo histórico eu percebo que vocês acabam distorcendo o pobre do Karl Marx para servir aos impulsos do ego.
Bem a lembrança deste papo não veio à mente de Zé. Mais, enquanto o consolava e ao mesmo tempo estimulava-o a pensar sobre seus preconceitos, Nat lembrou vagamente deste episódio. Isso reforçou nela a vontade de ir em frente com as perguntas e aproveitar aquele momento em que ele parecia estar mais aberto a realmente perceber que o subjetivo faz parte do mundo material e vice e versa.
Ângelo estava super animado por ter reencontrado Adriana. Mostrou músicas do Keane que ouvia no seu Ipod para a colega e conversou com ela um pouquinho. Porém, já estava perto das 15h e ele marcou com um amigo 15h30 para irem ao cinema. Na verdade o amigo era um paquerinha. Ele convidou a garota para ir junto. Mas ela disse que iria ao médico naquele mesmo horário. Então, agora os dois anotaram os números um do outro nos seus respectivos celulares e combinaram ou uma pizza ou um cinema no fim de semana.
Adriana tomou o 2º. ônibus para ir ao consultório. Seria o primeiro dia em que ia conversar com o médico. Afinal, a última vez que foi até o setor de DST/ AIDS do centro de saúde do município foi para receber a confirmação de que era soropositiva. Sentiu um calafrio ao lembrar daquela senhora dizendo as pessoas que esperavam pelo resultado que alguns conversariam com a enfermeira e outros com a psicóloga.
Achou o sistema de triagem o fim. Pensou: - porque não verbalizam logo a verdade?
A atendente deveria dizer:
- Quem tiver exame positivo psicóloga ok? e quem tiver negativo enfermeira? Entenderam depravados?
Ou então, se estivéssemos em um local civilizado:
- Bom dia a todos! Os resultados serão entregues dentro de instantes e todos falaram com a enfermeira e em seguida com a psicóloga independente do resultado de seus exames.
Adriana ia no percurso refletindo sobre como era desconfortável a recepção por parte de algumas pessoas que trabalhavam ali e como poucas tinham um semblante acolhedor. Pensava que lá era justamente o local em que as pessoas estão mais fragilizadas e precisando de gente bacana. Ficou preocupada do médico ser “cavalo”. Já estava até ensaiando um discurso caso ele fosse cavalo ou bem frio.
O ônibus aproximava-se do destino. Adriana levantou, deu sinal. Ao ficar próximo à porta viu uma figura conhecida de costas. Era Dalva, uma colega de cursinho que estava na universidade. Elas fizeram uma disciplina juntas no primeiro período. Ela lembrou sentiu um calafrio. Será que ela vai para o mesmo local? E se ela for para outra área de atendimento tipo ginecologia? Logo ficou aliviada porque lembrou que a colega mora por ali.
Ao descer do ônibus Dalva olhou para trás e a viu. Abriu um sorriso, parou de caminhar e disse:
- Olha só a menina mais inteligente da universidade e mais sortuda também. Tudo bem?
- Tudo bem. E você? Vai pegar alguma disciplina do 5º período para a gente fazer matéria juntas? Eu não entendi porque você me acha sortuda?
- Te acho sortuda por causa do pedaço de mal caminho que você namora. O Alexandre é lindíssimo gatinha. Eu vou pegar duas matérias do 5º.período e vamos novamente formar grupos para trabalho.
Adriana deu uma gargalhada nervosa. Pensou sobre para onde estava indo e a provável participação de Alexandre neste episódio desagradável de sua vida. Isso provocou uma cara de interrogação em Dalva que disparou:
- Porque a risada?
- É porque....enfim...você fez esta colocação sobre o Alexandre e eu e ele não estamos mais juntos. E acredito justamente que agora eu sou uma pessoa de sorte e ele também. Tivemos a sorte e o bom senso de não levar algo adiante só para manter aparências.
- Bem, ainda não entendi a risada.
- Pela ironia da situação. Nos termos terminado ai achando sorte a gente estar juntos. Mas eu sorri não de você foi de mim mesma por ter adiada o término da relação em uma semana sabe porque?
-Óbvio que não né!!!
-Porque algumas amigas me diziam que eu tinha sorte de estar com ele e de deveria tentar de tudo para ficarmos juntos. Elas no meu lugar sacrificariam qualquer coisa. Ai pensei que elas podiam estar certas. Mas analisando friamente decidimos terminar. Foi bom porque abri caminho para as pessoas que quiserem fazer sacrifícios em prol de terem ao lado um corpo bonito e não de gostar e respeitar o outro.
- Nossa mais eu não quis te ofender não. E não falei com cobiça no rapaz. Falei assim porque admirava você e achava que pela sua inteligência era natural que você tivesse um namorado bonito. Aliás, lindo!!!
- Pois é. Ele é uma pessoa muito especial mesmo, mas agora no campo da amizade. E me conta você mora por aqui não é?
- Moro mais na frente. Desci neste ponto porque vou marcar uns exames para minha vó e vou no centro de saúde.
Adriana gelou. Sentiu como se um buraco de proporções infinitas tivesse ocorrido no chão. Ela estava entrando nele e descendo, descendo, descendo. Estava ficando tonta. Só de pensar o que ela diria começou a suar a testa. Ai quando se sentia mais desconfortável veio o “tiro de misericórdia” através da pergunta:
- E você tá perdida? O que veio fazer por essas bandas?
Na cabeça de Adriana em fração de segundos ocorria o diálogo:
- E agora Adriana, pense, pense, pense. Responda Adriana!! Responda! Fale a verdade!
- Não!! Não fale! Tá doida você mal conhece a menina!
-Manda esta sirigaita pastar! Além de querer o namorado dos outros ainda quer se entrometer na vida alheia. Diga que não é da conta dela!!
-Fale algo neutro. Invente!!! Responda rápido para ela não notar!!
Adriana Respondeu com a voz meio embargada tentando forçar uma empatia e uma surpresa agradável esboçando um sorriso:
- Que coincidência eu vou lá também!! Coisa boa!!
- Pois é vai se consultar?

- Vou esperar uma amiga que vai fazer uns exames ela vai aproveitar e me dar uma aula sobre marcação de consultas sabe. Eu sou meio broquinha para isso. Ela conhece um pessoal lá aí eu vou querer fazer um check-up. Ela vai me abrir as portas para algumas pessoas.
- A menina você está falando com a pessoa certa! Eu tenho uma tia que é coordenadora lá posso facilitar algumas coisinhas para ti. Se der posso esperar você e sua amiga. Acho que ela vai adorar!!!
Adriana pensou: lascou de vez. Tô Fu....e agora?!
- Não Dalva, não precisa. Aliás eu vou pegar o seu telefone para uma eventual precisão você não precisa se preocupar porque ela atrasa muito.
-Ah boba. Eu não tenho nada para fazer mesmo agora de tarde só tenho compromisso às 6horas.
Adriana pensou: - devia ter dito que ia lá para o setor. Queria ver se ela ia ficar do meu lado esperando minha consulta. Sentada naquele corredor com todo mundo passando para ir para ala de fisioterapia e olhando para cara dela e se perguntando: - nossa!! Tão novinha o que será que ela tem? Será que tá bichada? Teve vontade de rir mas se conteve!
- Eu ficarei incomodada Dalva se você paralisar seus compromissos por minha causa. Mas enfim vou ficar satisfeita de você me auxiliar a marcar o ginecologista e fazer alguns exames. Ela olhou para o relógio eram 15h20 pensou que a consulta ocorreria entre 16 e 16h30 e ai pensou também ser possível marcar os exames e despistar a colega.
Continuaram caminhando até chegarem ao Centro de Saúde. O local era um prédio grande. Estava bem pintado por fora. Por dentro, a julgar pelo movimento que era intenso ainda tinha pintura nova e parecia bem cuidado. O aspecto de limpeza era agradável. Porém, na recepção e em algumas alas notava-se a deterioração de lixeiras, algumas portas de vidro emperradas, outras maçanetas quebradas as paredes meio riscadas. Dalva foi até a recepção cumprimentar a conhecida. Era a deixa para Adriana fingir receber uma ligação. Dalva voltou da recepção e encontrou Adriana com o telefone no ouvido, disse:
- Eu vou entrar ali na sala da minha tia. Assim que sua amiga chegar vai com ela lá.
- Tá bom Dalva. Vai entrando eu vou ter de ir até a esquina porque um colega vai deixar um dinheiro que me deve e vai passar de carro aqui. Ele está com minha amiga, ai a gente volta para cá e te procura. Vou só dar uma sentadinha aqui para terminar de falar com ele um assunto....
-Ok não quero atrapalhar sua ligação, to entrando....
CONTINUA PRÓXIMA QUINTA A PARTIR DAS 18H
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