No processo de construção da identidade, que se dá desde a infância se intensificando na adolescência, o OUTRO não é apenas o "não-eu", mas aquele a quem eu não me identifico, pelo menos conscientemente.
Às vezes o OUTRO se configura como uma ameaça ao meu 'Eu' ferindo o meu 'EGO'. Ameaça pelo menos simbólica.
Percebe-se, nestes casos, um 'EGO' imaturo e às vezes patológico. Buscando a auto-afirmação para impor poder. Hierarquizando a diferença e atribuindo-lhe valores.
Em nível mais leve de imaturidade enquadram-se os preconceitos, representados pela atribuição de termos pejorativos e comportamentos discriminatório em relação ao 'OUTRO'.
Entretanto, em nível mais acentuado de imaturidade, enquadram-se as diversas patologias clínicas, representadas pela intolerância extrema às diferenças e o desejo de extermínio dos 'OUTROS'. Estes comportamentos podem ser observados em homofóbicos, psicopatas e sociopatas.
Por que precisamos hierarquizar a diferença, diminuindo ou atacando o 'OUTRO' para perceber valor em nossos aspectos característicos?
Por que sinto o 'OUTRO' como uma ameaça a minha auto-imagem e consequentemente a minha auto-estima?
Será que aprendendo a estimar meus aspectos característicos minha auto-imagem estaria tão ameaçada assim pelo 'OUTRO'?
Quem sabe nos percebendo não como seres 'estáticos e cristalizados', mas como seres humanos em processo contínuo de transformação e desenvolvimento?
E você o que acha?
Quem é o OUTRO para você?
Será que acolhendo os nossos aspectos percebidos, a priori, como "defeitos", aqueles mesmos aspectos 'primitivos e instintais' que subsajem na inconsciência, reprimidos e sufocados pelo 'EGO', configurados como sombras psicológicas e que frequentemente projetamos e atacamos no 'OUTRO', não seria um caminho possível?
Quem sabe buscando o auto-conhecimento de alguma maneira?
Psicoterapia quem sabe e por que não?
O 'OUTRO' é o outro e basta.
Diferente porque é singular, ou seja, tem características que lhe são próprias. Nem maior nem menor do que eu e você.
Semelhante, porque é humano, porque está no mesmo planeta, na mesma galáxia, no mesmo universo que eu e você.
Acredito no 'somos-estamos', porque o universo em suas diversas dimensões de existência é movimento. Integramos esta dinâmica e somos, como já dizia o gênio Raul Seixas, "esta metamorfose ambulante".
Quem é o OUTRO?
Não sei, quem sou eu mesmo?
*NOTA DO AUTOR: O texto não tem pretensões científicas, por isso utiliza alguns termos de forma livre, sem o compromisso com a terminologia clássica acadêmica.
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