EU E O OUTRO - A IMPORTÂNCIA DO OUTRO NO ENCONTRO COM SI MESMO

Por que precisamos tanto do outro?

Por que queremos tanto alguém?

Por que somos-estamos carentes de afeto?

O que nos falta de fato?

Alguém ai pode responder?

(Risos)

Também não tenho respostas, mas reflexões, e mais e mais questionamentos, num desejo constante de conhecer, de buscar, de satisfazer minhas indagações enquanto experiencio a vida.

E você?

Me ajudem a refletir!

O outro é tão importante assim por quê?

Precisamos estar com alguém, seja um amigo, seja um irmão, seja um irmão-amigo, ou um amigo-irmão, seja um amante, seja um free-lance, seja... Mas, carecemos disso! É humana esta necessidade.

Nos projetamos no outro, nossos sonhos, nossas expectativas, nossas carências, nossas qualidades, nossos defeitos.

O outro é um espelho, onde eu projeto minha imagem, onde eu olho a minha alma sem ver o meu rosto, onde não me vejo como sou, mas como posso me ver.

Quem é o outro?

Uma parte de nós mesmos, uma mistura de todos os nossos "eus" que dá a cada um a própria identidade.

Somos a mistura, o laço, a metade que falta, o elo que nos aproxima de nós mesmos e outro talvez seja um "eu" a ser encontrado em mim mesmo.

E essa necessidade é boa ou ruim?

Diria que uma coisa e outra. Depende de como processamos, mas uma coisa é fato: é uma necessidade humana, considerando que somos seres sociais e nos constituímos também a partir do outro.

Podemos buscar o outro para o encontro com nós mesmos de diversas formas. Uma delas é através dos romances, das relações afetivo-sexuais. Estas são as que mais mexem com nossa estrutura. Quando estamos envolvidos por alguém, nos perdemos em nós mesmos, no que concerne o próprio eixo. Mas é puramente humano isso tudo. "São tantas emoções", como já dizia Roberto Carlos.

Outra forma é nos laços de amizade, estamos também envolvidos, entrelaçados, só não tem sexo, ou tem, de repente. (Risos).

Mas, também buscamos o outro pelas coisas que gostamos de fazer, pelas identificações, pelo ideal. E assim nos reunimos em grupo, seja na igreja, no clube, no time de futebol, no voluntariado, etc.

Talvez o que nos falta continue faltando. Talvez precise mesmo faltar para que continuemos buscando, para que continuemos nos relacionando, encontrando, reencontrando, dizendo "à deus", ou "até logo", cenas de um próximo capítulo de uma história sem fim, visto que a vida sempre continua. E neste processo vamos paulatinamente nos conhecendo, reconhecendo, se constituindo, transformando.

"Amai ao próximo como a si mesmo" disse Jesus Cristo.

Ora, amar é ligar-se, estreitar vínculos afetuosamentes positivos, qualificadamente compensadores. Isso é amor! Mas, Ele colocou uma relação entre o auto-amor e o amor ao outro. O que compreendo como uma ação concomitante. Assim, não se ama alguém se não se ama, como não se ama, de fato, sem amar alguém.

Mas, o amor tem seus níveis de qualidade proporcionais a nossa maturidade psico-emocional. E maturidade é processual, o que significa que se investirmos no processo alcançaremos níveis mais elavados de amor, nos amaremos mais e melhor o que significa amar o outro da mesma forma.

Por Marcelo Bhárreti.