Civilização em crise ou Humanidade Primitiva em Evidência?
De quem é a culpa?
Ou seria melhor pensarmos em responsabilidade e processo de maturação individual-coletiva?
Percebo as pessoas chocadas com o mundo de hoje numa atitude saudosista em se referir ao passado como um tempo melhor que se foi, como se o mundo estivesse cada vez mais piorando, caminhando para um caos destruidor e não transformador.
O mundo de hoje é pior do que o de ontem?
O que está acontecendo com nossa humanidade?
Será que já podemos mesmo nos definir como seres humanos civilizados?
O quanto de primitivo ainda predomina em nossa humanidade germinal?
Esta semana ouvir algo interessante sobre o ser humano - "Carregamos todas as características, todos os aspectos inerentes a nossa espécie. Todas!"
Isso significa que do mesmo jeito que temos uma "Madre Tereza de Calcutá" dentro de nós, carregamos também um "Hitler".
A própria beata percebeu esta característica humana, quando humildemente disse possuir um Hitler dentro de si.
Somos constituídos por uma comunidade de "Eus", uns ainda muito primitivos, imaturos, e dissociados, outros já civilizados, amadurecidos e integrados.
De forma que é importante reconhecermos que não somos um "Ego", ou a "Noção de Eu", um "Eu para o Social", temos um Ego, uma vaga percepção de quem somos, do que somos capazes de fazer, do que sentimos e pensamos em situações já conhecidas. Não temos consciência plena de quem somos integralmente, porque somos-estamos predominantemente in-conscientes e só reconhecendo nossos "demônios interiores" que teremos também condições de pecebermos nossos "anjos germinais".
O aparente "passado melhor" escondia na sombra a civilização predominantemente primitiva. Mas os "Eus" renegados, reprimidos e marginalizados, no processo natural de equilíbrio reclama o seu "Espaço ao Sol" na consciência e vem à tona.
É este processo de "Cartase Coletiva", ou seja, liberação do fluxo energético de cada aspecto nosso reprimido e marginalizado na sombra que estamos tendo a oportunidade de canalizar. Infelizmente ainda não aprendemos a fazer de outra forma e exteriorizamos "nossos demônios interiores" através do crime.
É este processo de "Cartase Coletiva", ou seja, liberação do fluxo energético de cada aspecto nosso reprimido e marginalizado na sombra que estamos tendo a oportunidade de canalizar. Infelizmente ainda não aprendemos a fazer de outra forma e exteriorizamos "nossos demônios interiores" através do crime.
Um caos?
Um caos necessário, considerando que para os aspectos mais primitivos de nossa constituição só as consequências representadas por efeitos mais dolorosos possíveis para fazermos refletir nossa conduta.
Vou fazer uma pergunta muito intrigante para quem assitiu o filme:
Vocês conseguiram se ver em quases todos os personagens?
Concordo que é muito difícil, porque é desagradável, se vê como um policial ou um político corrupto, ou como um marginal traficante ou um estuprador. Sim é muito difícil eu sei. E sei que queremos nos ver sempre como o "mocinho da história", nos colocamos como vítimas, transferimos culpa e permanecemos como irresponsáveis. Reflexo de nossa imaturidade individual-coletiva.
Como um mecanismo de defesa do ego, negamos o desagradável em nós, projetando noutrem, fugimos e degeneramos.
É mais "fácil" culpar póliticos que nos posicionarmos politicamente como cidadãos participativos.
Assim como é mais fácil apontar estupradores do que darmos-nos conta de que somos um, quando somos invasivos, e não respeitamos o espaço do outro, por exemplo.
Mais fácil é depreciar a profissional do sexo chamando-a de "puta", do que reconhecer que tantas vezes nos vendemos por status, por poder, por fama (...) Que nos casamos por dinheiro e estabelecemos relações interpessoais hipócritas.
Até quando?
O tempo necessário para que a dor nos liberte de determinados padrões e nos permita aprender com as experiências, sejam elas quais forem.
Cabe-nos o esforço em reconhecer nossas limitações, nossa imaturidade, nossa falibilidade, nossa condição humana processual.
Cabe-nos o esforço em reconhecer que não nascemos prontos, mas somos passíveis de aprendizado.
Que somos agentes causadores, mas também transformadores de nossos destinos. Que onde há culpa, há também a oportunidade da lição, de exercitarmos a responsabilidade da transformação.
Podemos aprender como também estimular o aprendizado do outro.
Podemos exercitar o que ainda não é habitual, que não tornou-se natural em nossa conduta.
Por isso vale o esforço para dar um "bom dia".
Vale o esforço de sentir e respeitar o outro pelo outro.
Exercitar a reflexão e quebrar preconceitos.
São gestos simples e aparentemente insignificantes que fazem a diferença.
Talvez demore um século, talvez dois, talvez mais que isso, mas se hoje gozamos da sombra de uma grande árvore é porque grandes homens a seu tempo fizeram-na germinar. Façamos hoje a nossa parte.
Acredito que a felicidade é diretamente proporcional a maturidade.
Por isso sugiro a reflexão deste pensamento:
"A felicidade não é só seu direito, é seu dever ser feliz"
(Benjamin de Aguiar pelo Espírito Eugênia)
Marcelo Bhárreti, 19 de outubro de 2010.
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