
O sol brilhava forte em Descanso do Chico, quando o Véio do Vento postou-se na praça a anunciar a profecia.

VÉIO DO VENTO: Eu estou ouvindo...O vento anuncia...O fim se aproxima...
Encontro pior, naquela manhã, não poderia haver para a viúva do finado Luíz. Sua amiga Mercedes preferia ignorar o falatório do profeta ribeirinho.






VÉIO DO VENTO – A profecia já dizia o sertão vai virá mar e Descanso do Chico vai sumir. O vento diz, o vento não erra, o vento sabe...
E o Véio do Vento transtornado repetia a profecia como anunciasse o fim do mundo.
As pessoas passavam pela praça e diante do profeta se benziam. Uns diziam que Véio do Vento era doido, outros diziam ser um homem sábio, mas no fundo, no fundo todo mundo temia suas previsões.
As rendeiras adiantaram o passo e deram de frente ao Bar do Siri, núcleo das prosas masculinas.
Seu Pitu, que arrastava uma "asinha" para a Mercedes não cansava galanteiá-la. Vai que um dia desse certo.






ANTERO – Galega se eu te pego...Ô muiê dos meus pecados.

MERCEDES – Cê disse o que home?

ANTERO – Disse nada não. Foi o vento.
Os olhares masculinos desnudavam as rendeiras, que disfarçam a satisfação em nome da boa imagem de mulher de respeito.
No bar os comentários giravam em torno da profecia do Véio do Vento. Era o assunto em pauta.

SEU SIRI – Se aprochegue aqui cês dois.



SEU SIRI – O mar eu num sei, mas o vento...





ANTERO – O dela tá guardado Seu Pitu. E eu num acridito ne nada disso não.

Seu Antero era homem político, líder nato, tomava conta da cooperativa de pesca. Sua maior rival era a atual prefeita de Descanso do Chico, Dora, mulher valente, que se via diante da difícil missão de administrar aquela pobre cidade com poucos recursos e muitos problemas.
E agora? Depois da profecia do Véio do Vento poderíamos continuar esta pequena cidadela ribeirinha de Descanso do Chico?
Quer saber? Confira a segunda parte de nossa estória!
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