20 de janeiro de 2010

TEMA DA SEMANA - SOMBRA PSICOLÓGICA - DO PIOR AO MELHOR - PARTE V


HOJE É QUARTA! DIA DE ACOMPANHAR NOSSA SAGA.

ACOMPANHE A VIDA DE ADRIANA EM MAIS UM EPISÓDIO DE :

DO PIOR AO MELHOR - PARTE V

Esta semana a temática está relacionada a sombra psicológica. Na postagem mais abaixo do Marcelo, vocês encontram elementos que vão nos dar uma noção inicial do que seria esta tal sombra. Sugiro que leiam o texto dele primeiro para fazerem uma leitura da saga da Adriana com a perspectiva desta temática. Imaginem só, ela que é portadora de HIV poderia tentar ignorar isso. Ela poderia e pode acabar não dando conta desta questão, sem querer pensar sobre este assunto. Ela pode simplesmente falar com o namorado o que tem em termos de doença e não falar para os pais e fingir que nada está acontecendo. Neste momento de contato ela pode querer fugir do contato com os seus exames médicos e criar um "universo paralelo" . Nossa personagem e os demais indivíduos que interagem com ela podem estar jogando uma série de conteúdos sentimentais seus para o inconsciente e alimentando sua sombra psicológica. Vamos então procurar neste episódio o que cada um pode estar enviando para a sombra?

Antes vamos recapitular o que ocorreu no episódio anterior:

No capítulo anterior de nossa história Adriana revelou para José que é portadora de HIV.

- José eu não tenho nenhum princípio de câncer. Eu fiquei desconcertada com o resultado de um exame que fiz quando fui doar sangue para um amigo e teve um probleminha. Ai eu fui ver o que era. E era HIV! Eu sou soropositiva!

José ficou mudo, pálido e tonto.

-Como assim?

- COMO ASSIM COMO? EU SOU PORTADORA DO HIV!

- MEU DEUS!! NÃO É VERDADE DIZ QUE VC ESTÁ BRINCANDO

Adriana pensou: Tudo que eu não precisava ouvir. Ai encheu os olhos de lágrimas, pegou a bolsa e disse:

- Pense no que eu te disse e se tiver ainda estrutura para conversar e ao menos querer saber como me sinto. Me procure!

Saiu feito uma bala pela portão da piscina indo até a frente da casa. José ainda abobalhado gritou:

-Ei..espera ai...espera!


ASSIM TERMINAMOS O EPISÓDIO ANTERIOR. PARA SABER O QUE OCORREU CLIQUE EM CONTINUE LENDO E SAIBA SE ADRIANA RETORNOU OU NÃO PARA CONVERSAR COM JOSÉ. SERÁ QUE ELE ENTENDEU A SITUAÇÃO DA MOÇA? SERÁ QUE A RELAÇÃO ENTRE ELES FICOU PIOR? ADRIANA SAIU PELA RUA ANDANDO? O QUE OCORRE?

BOA LEITURA!





DO PIOR AO MELHOR V


Quando saiu pelo portão Adriana avistou um ônibus. Leu o letreiro: Coroa do Meio e notou que não era o ônibus que passa em frente a casa dela. Ela mora em um bairro de classe média relativamente perto da praia e muito perto de uma universidade particular em Aracaju. José, seu namorado (ou ex-namorado) – agora que ela falou que era soropositiva não sabia mais o que ele seria - mora próximo a praia de Atalaia, um dos cartões postais da cidade. Os pais de José são advogados bem sucedidos na cidade. Enquanto corria para pegar o ônibus que não a levaria para casa escutou a voz de José gritar:

- Volta aqui, ei Adriana... ei...

Não deu tempo porque ela seguiu o impulso de subir o ônibus mesmo não sendo o que ela tomaria para ir para casa. Resolveu que assistiria um filme no shopping em que não conheceu o seu “gatinho”. Lembrou que o cinema era da mesma rede de grandes salas e ficou imaginando se iria ou não lembrar do dia em que conheceu José. Bem...pensou alto: - ah eu vou pelo menos a paisagem é de outro shopping e enquanto espero o filme penso em como contar para meus pais. Enquanto subia os degraus ouvi ao longe José gritar e ascenar. O ônibus passava bem em frente a casa dele.
Ela ficou pasma ao ver o rosto dele totalmente vermelho de choro. O seu celular começou a tocar era ele. Ela pensava: atendo ou não? Atendo ou não? Depois de chamar 4 vezes, na quinta vez ela atendeu e ouviu:

- Adriana isso é sacanagem, como vc me conta uma coisa dessas e me vira as costas e sai? Nós transamos! Eu sou ou acho que sou seu namorado e isso é assunto para continuar a conversar.

- Zé na boa...eu to emocionalmente desgastada. Eu fico tentando colocar para mim perspectivas animadoras para a vida, mas te ouvir acho que não me faria bem. E quanto a transa sugiro que vc nos próximos dois meses já que tem um mês que não transamos faça um exame. Ah!! E lembre que quando vc quis transar sem camisinha eu não deixei!!

- Mas Adriana você me disse que só transou com dois caras na vida além de mim....

- Foi o suficiente para assinar minha sentença!! Ah e desconfio sobre o “causador” bem...mas estou no ônibus e não quero conversar sobre isso. Se vc realmente quiser algo comigo e me ajudar aparece sábado lá em casa!

- Ce ta doida?! Hoje é terça e eu só vou te ver no sábado?

- Olha só...eu preciso de tempo e vc precisa processar essas informações que te passei. Agora uma coisa eu te digo: tenho convicção de que não te transmiti nada!!!

- Bem...é o que veremos no fu....

- Adriana desligou pois não agüentaria ouvir uma insinuação.
Tudo bem que na segunda transa ela sabia que estava com HIV, mas ela fez sexo oral nele, não deixou ele fazer nela, apenas o beijou na boca e ela mesmo colocou a camisinha nele e subiu em cima. Fez tipo dominadora para assegurar que tudo sairia seguro!! Não deixou ele sequer encostar a mão no pau para pôr a camisinha. Ela mesmo se encarregou!! Tudo para garantir a proteção dele...ela não agüentou e começou a chorar no ônibus!! Chorava copiosamente.

No banco dos fundos estava um rapaz. Ângelo estava olhando a paisagem. De repente sentiu uma agonia no peito...uma tristeza profunda. Uma dor como se tivesse perdido alguém... pensou consigo: - que coisa estranha. Estou com saudade de meus antepassados? Que vontade de choro estranha? Estava ouvindo música pelo celular. O busu estava praticamente vazio. Ele sentado na última fila. Uma jovem em sua frente em um banco solitário e 3 pessoas mais próximas ao cobrados. Ele começou a ouvir Jota Quest a música era “vem andar comigo”.




A cena no ônibus para quem chegava parecia muito estranha. O passageiro que passava pela roleta via duas pessoas chorando. A menina no penúltimo banco e o rapaz, atrás dela que estava no último. Ângelo começou a chorar e a sentir um negócio estranho. Uns 5 minutos depois que ela sentou, porém nem se tocou disso. Pensou: nossa que coisa esquisita porque to chorando? Não tenho namoro, não estava deprimido e esse sentimento. Lembrou de algo novo que estava acontecendo em sua vida. Ângelo estava freqüentando uma escola de pensamento espiritual e ai estava há pouco mais de 3 anos freqüentando grupos de estudo e tinha começado um trabalho de desenvolvimento com a mediunidade. Até então ele se achava uma “porta” pois não via nada ou ouvia. Porém de uns tempos para cá algo diferente ocorria. Ele as vezes só ao encontrar pessoas que o procuravam estava percebendo o que algumas delas que o procuravam pensavam ou sentiam em algum nível. Conversando com colegas de trabalho ele as vezes saia entrando em assunto e quando menos esperava vinha a pergunta: - como é que vc sabe disso? Ângelo sem graça, só sorria amarelamente e dizia: intui.

Ângelo, estava quase compulsivo quando achou que espantar a moça e chamar a atenção dela...o choro via copioso. Ele começou a fazer uma prece e ao mesmo tempo lembrou que estava desenvolvendo e ativando percepções outras, mas aquela não parecia ter ligação com alguém que já tinha partido. Mas...por via das dúvidas a oração é sempre um bom remédio – pensou ele. Daí abaixou o volume do Celular que estava usando como Mp3 e iniciou mentalmente a oração de São Francisco. Enquanto se acalmava e ia diminuindo o choro ele ouvia um “fungado” ai percebeu que a menina da frente estava chorando. Aí imediatamente toda sua vontade de chorar passou...ele ficou feliz e ao mesmo tempo pensando: abordo-a ou não?

Ângelo com os olhos ainda úmidos perdeu o pudor e disse:

- Que sentimento é esse amiga de perda que vc está tendo? Uma boa conversa pode ajudar se quiser eu sou todo ouvidos. Se não quiser desculpe minha intromissão!

Adriana, olhos marejados tomou um susto com o toque no ombro. Mas quando olhou no olho do rapaz viu alguma coisa diferente. Além dele parecer que estava chorando, ela desenvolveu um elo de empatia muito, muito inexplicável e disse:

- Nada não. Perdi ninguém não. Acho, só um problemão que vou enfrentar e ai ele envolve outras pessoas que poderei magoar...

- Hum...sei ai na verdade esses problemas acabam parecendo mais “insolúveis que a morte” porque nos exige uma transformação ou uma “morte” de uma parte do que somos e isso é muito difícil. Matar expectativas nossas, sobre nós e sobre os outros e também sair da ilusão e cair na desilusão...

- Bem, não sei se é muito por aí, mas parece que pode ser por ai..

- Meu nome é Ângelo e o seu?

- Eu sou Adriana (ela pensou: isso é hora de alguém me cantar meu Deus? Será que ele vai grudar em mim? Ai ai ai...)

- Pois é Adriana, acho que para tudo tem jeito. Inclusive para a morte.

- É piada Né? C ta doidinho! Como jeito pra morte?

- Pois é a física, a filosofia, algumas religiões acham isso. Mas agora não é hora para esse papo vou te deixar só um pouco com seus pensamentos porque vc acabou de me recordar como eu fiquei quando terminei com o meu último namorado o Gustavo.

- Ei qual Gustavo? Um que trabalha no shopping?

- Vc não me disse que era vidente!!!

Os dois caíram na risada!!!!!!

- A cena foi bem parecida com essa sua. Fiquei um tempão chorando no busu.

- Terminou porque? Desculpa perguntar c só me responde se quiser.

- Bem eu não terminei totalmente tem duas semanas que fomos para uma festa e um carinha que trabalha com ele um tal do Alexandre tava conversando com um carinha e disse que seria fácil colocar o Gustavo na mão dele e que ele só não tinha ficado com ele porque não quis. Logo em seguida o Gustavo estava levando Wisky para ele e se declarando dizendo que gostava muito dele como irmão e que apresentar o namorado para ele. Eu me senti estranho e depois de ouvir o tal do Alexandre dizer que o corpo dele era o que o Gustavo queria...virei as costas e não atendi mais nenhuma ligação do Gustavo. Aliás nem sei qual foi a resposta que ele deu para o carinha.

-Acho que vc fez mal em não ouvir. O Alexandre se acha. Aliás ele coitado acha que se resume a um corpo e uma pinta. Acho até que ele se vê como uma pinta ambulante!!! Kkkkkkkkkk

Os dois gargalharam gostosamente. E Ângelo disparou:

- Ele é bonito, mas tem cara de pinta mesmo....(sorria muito)

- Bem Ângelo, nem parece que eu estava a alguns minutos me sentindo morta viva...

- Minha filha eu bem sei...vc estava se sentindo vazia, angustiada, aguniada, indecisa, com saudade de pessoas...olha...vc deve estar passando por uma grande “tra...

- Pelo jeito o vidente aqui é você...

- Vidente eu não sou não mas, vou te dar esta mensagem. No verso dela estão os endereços do grupo espiritual que freqüento. Olha Adriana, né?

- Isso Adriana.

- A freqüência a um grupo espiritualista e terapia tem me ajudado muito a superar algumas coisas em minha vida que eu nem imaginava que conseguiria. E a descobrir outras que eu sequer percebia. Vários preconceitos em mim tenho descoberto. E depois mulher a gente tem de se perguntar: - Porque não ser feliz?

Aquela pergunta remeteu-a imediatamente ao que ecoava ainda mais cedo em sua cabeça como se fosse uma voz. Ela lembrou que a pergunta: Porque não ser feliz com HIV? E ai perguntou para si: Quem disse que não posso ser feliz com HIV? Porque tem gente infeliz sem HIV? Adriana viajou. Olhar perdido e parado no tempo. Ângelo acenava e sorria dizendo:

- Ei...Adriana. Ei moçinha pode voltar para a Terra!! Vou descer! Tchau viu!!

-Ah...menino eu viajei longe agora!!! Bem vou ler a mensagem e.... – rápida pausa voltou a falar: vc também vai descer no shopping?

- Vou sim. Quero pegar um filminho no cinema.

- Que ótimo! Eu tava pensando a mesma coisa.

Enquanto isso um rapaz desesperado andava de um canto para o outro da casa. Era José que pensava: será que estou infectado? Será que Adriana está falando sério? Será que ela só queria inventar isso pra terminar comigo? E agora? Como seria eu namorando uma pessoa que pode morrer a qualquer momento? Eu gosto dela? Eu agora me sinto estranho em relação a ela. Não tô com vontade de vê-la.
José caiu na piscina e ficou pensando, pensando, pensando. Pensava em como deveria ser a vida de uma pessoa com HIV, pensava se estaria ou não infectado. Percorria várias vezes na cabeça cada ação e cada amasso dado em Adriana para medir os possíveis “riscos”.
Enquanto mergulhava resolveu que era melhor esquecer aquilo tudo e tomar umas cervejinhas. Simplesmente José tomou uma caixa de cerveja sozinho e adormeceu perto da piscina. Resultado. Ganhou uma ensolação! E depois de beber todas o problema e o fato de Adriana ser ou não portadora de HIV continuava ali. Ele estava se vendo nas últimas horas oscilando entre a vontade de arranjar algo para fugir e não pensar no assunto e entre encarar o assunto. Porém......


CONTINUA NA PRÓXIMA QUARTA


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