QUEM SÃO OS ÍNDIOS DE ONTEM E DE HOJE?
Um Índio
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Um índio representa os VANGUARDISTAS que estão além do tempo da maioria e por isso mesmo são mal compreendidos. Têm missão com a coletividade e irradiam luz, servindo de guia, de referencial.
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Quando nos saturamos de determinados paradigmas...
Quando percebemos incoerências, incongruências e desintegrações...
Quando questionamos o real significado de nossas existênicas...
E percebemo-nos fragmentados e em desarmonia com o universo...
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Quando tirarmos véus de nossa ignorância...
Só assim teremos condições de perceber ÍNDIOS...
O seu real valor...
Perceberemos como referenciais de integração...
Integrados psicologicamente, com a diversidade e com a vida em suas múltiplas dimensões...
Harmônicos com a natureza dentro e fora dele, perfeito equilíbrio.
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
De tão a frente do seu tempo parecerá um ser advindo de outro planeta...
E perceberemos que um dia, hierarquizando a diferença, numa postura etnocêntrica e defensiva não demos o real valor que o possuía por não conhecê-lo em essência.
Outrora, devido aos nossos preconceitos e projeções, acusamo-lo de impostor, de fraude, de pevertido, de vulgar, incivilizado, primitivo e colocamos às margens de nosso meio social por considerarmo-los inferior a maioria, por não corresponder a normalidade paradigmática regente.
Quando tivermos condições de pecebê-los parecerá uma REVELAÇÃO...
Daremos conta de nossa 'cegueira' de outrora, do nível coletivo de maturidade processual.
Então ficaremos surpresos com os ÍNDIOS de outros tempos e teremos condições de perceber os ÍNDIOS de agora, os VANGUARDISTAS por trás dos incompreendidos e atacados que seguem o suas consciências, seu coração na realização dos ideais em função da coletividade.
Marcelo Bhárreti
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