Qual a relação entre autoafirmação e autoestima?
Se você já é um adulto busque no seu arquivo de memória a sua adolescência.
Lembra como você se vestia, que música ouvia e como geralmente se comportava, principalmente quando estava em grupo?
Tudo estava mudando. Seu corpo, sua mente, seu Ego...
Se hoje é tão difícil dizer quem somos, naquela época era mais difícil ainda e na falta de uma identidade, que situasse tua existência você se definia pelo seu time de futebol, pelo seu artista musical, pelo seu grupo de amigos ou por uma filosofia que iria mudar o mundo, quando o seu mundo estava mudando por dentro e você precisava de alguma coisa para se encontrar em meio tantas transformações e sobreviver no mundo fora de você.
Substancialmente não havia nada que assegurasse tua existência, apenas um indefinido, quiçá fragmentos de um TODO sem limites, sem divisas (Self), que intuitivamente percebia como ilimitado e maior do que você (Ego) percebia, um universo desconhecido (INCONSCIENTE). Como isto lhe causava medo, você se apoiava nestes fragmentos, e para se sentir mais seguro diante um mundo aterrorizador você precisava firmá-lo na base efêmera de você mesmo.
Como estimar o que não se conhece direito e que muitas vezes parece está em desacordo com este Mundo Exterior?
Na falta do Autêntico Substancial que representa quem somos-estamos predominantemente, autoafirmamos os aspectos que sentimos efêmeros, mas que julgamos necessários à nossa sobrevivência social.
Logo, a autoafirmação serve à autoestima, quando não aprendemos ainda a estruturá-la de forma mais madura, ou seja, através do autoconhecimento, reflexão, autoaceitação, autoacolhimento, compreensão da dinâmica processual que nos constitui pari-passe ao longo de nossa existência.
E isto é fácil?
De forma alguma!
Questionar paradigmas da NORMALIDADE, que é cultural, quando ao mesmo tempo precisamos de um eixo norteador não é tarefa fácil. Como não é fácil ouvir a própria consciência filtrando as vozes das necessidades imediatas e superficiais, que atende um Ego que ainda é imaturo, ou seja, ainda não funciona plenamente para o estado de Self, do Si-mesmo; Totalidade Integradora de Nós Mesmos.
Realmente não é fácil, mas é preciso se quisermos alcançar estados mais elevados de consciência, o conhecimento ampliado e verdadeiro de quem Somos-Estamos, a base para Fé-licitas, a crença, conhecimento ou saber lícito, verdadeiro, ou simplesmente FELICIDADE.
Todavia não se culpe se ainda utilizas da autoafirmação para compensar a baixa autoestima e situar tua existência à sobrevivência social!
Quem não se utiliza da AUTOAFIRMAÇÃO algumas vezes?
Muitos aspectos constituidores do que somos-estamos já estão em níveis mais elevados de maturidade, enquanto que outros ainda não. O que signifia considerar que, em termos de maturidade existencial, ou seja, aquela que não depende do desenvolvimento cronológico psíquico-orgânico, em alguns aspectos somos crianças, em outros adolescentes, enquanto talvez em muitos poucos somos-estamos parcialmente adultos, considerando a média populacional de nosso orbe.
Deveríamos sentir culpa por sermos criança ou adolescente?
Sugiro acolher a nossa culpa, uma vez que não se determina o que sentir ou que não sentir, mas compreende-se relativamente a partir de nossas crenças o que nos leva a sentir.
Acolher a culpa e transformá-la em responsabilidade, ou seja, a habilidade em responder com ações. Neste caso da relação autoafirmação versus autoestima a ação representada pelo autoconhecimento, reflexão, autoaceitação, autoacolhimento, compreensão da dinâmica do processo.
Por Marcelo Bhárreti
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