"Ela não presta, não vale nada!"; "Corrupto!"; "Interesseiro!"; "São todos uns pedófilos!"; "Mau caráter!"; "Safado, sem vergonha, traidor!";"Ele é uma pessoa do mau!";"Você é um pecador!"; "Você vai para o inferno!"; "Leviano!"
O que nos faz perceber tantos atributos negativos em outrem?
Por um acaso somos tão infalíveis, que adquirimos autoridade moral para julgar e condenar?
Ai alguém poderia dizer assim:
- Ah! Mas, eu só estou me defendendo...
A melhor defesa de um ser humano tem que ser mesmo o ataque?
Por que os "defeitos" dos outros é tão incômodo?
Seria mesmo os "defeitos" só dos outros?
E por que eu preciso atacar?
Ai alguém poderia dizer assim:
- Ah! Porque precisamos ser combativos em nome da ética, da moral e dos bons costumes!
É mesmo?! Então por que não começamos por nós mesmos? Como assim?
Quando justificamos nossa combatividade estamos fazendo uma análise profunda do alvo em ataque?
Cuidado amigos e amigas!
Como um Iceberg a mente humana é muito mais do que emerge na superfície da consciênica perceptiva e observável.
É no inconsciente que reside a maior parte do que somos-estamos. Fonte das energias psiquícas e regida pelo princípio do prazer, segundo a psicanálise.
O inconsciente funciona de forma a satisfazer o prazer e evitar o desprazer, independente do que é ditado pelas regras sociais ético-moral.
Compreendendo que todo conteúdo mental é energeticamente carregado. As catexias ou cargas energéticas acomplam-se as essas representações mentais (sentimentos, idéias, imagens, etc).
O inconsciente visa diminuir o máximo as tensões ou excitações favorecendo o fluxo energético mental e consequentemente favorecer a omeostase psíquica ou equilíbrio do aparelho psíquico pela a hormonia entre cargas.
Segundo Sigmund Freud a omeostase mental é um processo dinâmico. Assim podemos falar em uma espécie de tráfego energético mental ou tráfego psíquico. Logo uma representação mental sede energia a outra representação, o que é denominado de deslocamento ou recebe energia de outras representações no que se denomina de condensação.
Viver em grupo é uma necessidade primária em nossa espécie. Porém, esta convivência será sempre um desafio considerando o princípio do prazer do inconsciente.
Seria possível viver em uma sociedade onde todas as pessoas se satisfizessem ao mesmo tempo?
Provavelmente destas forma não!
Por esta razão, ao longo da existência humana criamos regras sociais como forma de manter o equilíbrio e consequentemente a sobrevivência do grupo. Desta forma mediamos esta convivência a partir de sensores éticos, morais ou legais, que são introjetados, desde cedo em nossa psique.
O custo disto é a censura do fluxo de nossas representações mentais a consciência se estas põem em risco a sobrevivência da espécie.
O que acontece então com as representações mentais impedidas de chegar a consciência?
Continuam energeticamente carregadas no inconsciente e manterão sentido de fluxo à consciência, porém agora tentando burlar a censura vivendo indiretamente a representação mental.
Para manter a omeostase entra em ação o trafêgo psíquico deslocando ou condensando energia de uma represental mental à outra.
Através dos sonhos, por exemplo, podemos vivenciar indiretamente algo que diretamente não nos permitiríamos por causa da força da censura. Fazemos fluir energia psíquica nestas representações mentais que tornam-se vívidos no momento em que experenciamos.
Da mesma forma temos estas vivências indiretas através dos filmes, novelas, ou da literatura.
Extravazamos nossos desejos mais hostis acompanhando o noticiário na televisão ou no rádio, através dos atos de outras pessoas.
Realizamos nosso desejo de matar no game ou fazer sexo masturbando-se.
Estes são alguns exemplos de vivências indiretas sem comprometer a aceitabilidade do grupo social (necessidade institiva de sobrevivência da espécie) e sem afetar a integridade psíquica e física de outrem. Denomino-as de Vivências Indiretas Positivas.
Entretanto, existem também outras formas de vivência indireta das representações mentais, que buscam outras estratégias e que podem afetar outras pessoas. Denomino-as de Vivências Indiretas Negativas.
Exemplos:
- Alguém pode não suportar conscientemente a idéia de sentir-se atraído por indivíduos do mesmo sexo, porque esta ainda é uma aversão que predomina socialmente variando de contexto para contexto cultural. Esta aversão a homossexualidade pode se configurar no desejo de extermínio desta representação mental que é real. O extermínio a homossexualidade pode ser vivenciada diretamente com o suícidio ou indiretamente no ataque a homossexuais que vivem congruentemente sua sexualidade, na manifestação homofóbica.
- Alguém pode não aceitar conscientemente a idéia de ser desonesto e corrupto e a repulsa a esta representação mental pode ser vivida indiretamente no ataque inflamado a pessoas que julguem desonestas e / ou corruptas. Este julgamento se dá de forma superficial e a pessoa não ao ato. Uma maneira de ataque indireto a um Eu desonesto e corrupto na dimensão inconsciente.
- Alguém pode ser aversivo a crianças por não poder processar conscientemente a criança representativa inconsciente mal tratada e rejeitada na infância.
Nestes três casos vê-se um Mecanimo de Defesa do Ego denominado de PROJEÇÃO, uma forma de transferir e vivenciar indiretamente na dimensão de Realidade Exterior aquilo que, por ser censurado também pelo próprio Ego Imaturo, não é integrado a psique.
Por isso é tão mais fácil perceber, atacar ou combater noutrem aquilo que conscientemente não associamos a nós mesmos.
Por isso é imprecindível AUTOCONHECIMENTO como forma de favorecer cada vez mais o processo de omeostase mental e ainda atender necessidades sociais sem afetar negativamente outrem.
Desta forma, nos conhecendo melhor teremos condições de potencialemte ser mais verdadeiros com nós mesmos tornando-os cada vez mais consientes.
Como forma de manter a omeostase mental exercitaríamos a Negociação entre os reclames de nossos desejos reais com as exigências sociais.
Direcionaríamos, por exemplo, a energia da agressividade para algo positivo. Assim ao invés de agirmos com violência agiríamos com determinação e garra.
Considerarímos nossa humanidade falível e processual e teríamos mais empatia com o nosso semelhante. Seríamos mais solidários, altruístas e menos egoístas e individualistas.
Por Marcelo Bhárreti.
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